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Artigo escrito por: Claudio Batista Reis

Analista Desenvolvedor Sênior | Mestrando em Informática e Gestão do Conhecimento | TopSaúde Hub

A Notificação de Intermediação Preliminar (NIP) deixou de ser apenas um canal de reclamação: tornou-se insumo regulatório. Com as recentes alterações normativas, as informações que chegam pela NIP passam a alimentar indicadores e orientar fiscalizações. Para operadoras, isso exige tanto ajuste operativo quanto postura estratégica.

Neste artigo, você vai entender por que a NIP se tornou peça central na regulação da ANS, como ela impacta diretamente os indicadores das operadoras, quais são os principais desafios do novo cenário e, principalmente, o que fazer agora para transformar esse risco regulatório em uma oportunidade de melhoria contínua e vantagem competitiva.

 

Por que a NIP passou a importar tanto?

A NIP passou a alimentar índices usados pela ANS para monitorar desempenho e priorizar ações. Ou seja: a percepção do beneficiário não é mais apenas um sinal — ela pode influenciar decisões que têm efeito reputacional, regulatório e até financeiro. Entender esse movimento é essencial para evitar surpresas.

Duas resoluções recentes têm papel central nessa transição:

  • RN nº 483/2022: padronizou prazos e fluxos para o tratamento das demandas;
  • RN nº 579/2023: simplificou a classificação das notificações e redefiniu critérios para o prosseguimento das demandas em processos sancionadores.

Essas mudanças reposicionaram a NIP como insumo para uma regulação mais preventiva e baseada em evidências.

 

Como os dados da NIP são usados (e o que mudou)?

Os registros da NIP alimentam indicadores relevantes do setor, como o IDSS (Índice de Desempenho da Saúde Suplementar), o IGR (Índice Geral de Reclamações) e a TIR (Taxa de Intermediação Resolvida). Esses indicadores são ferramentas para comparar operadoras, priorizar fiscalizações e oferecer maior transparência ao público.

O que efetivamente mudou:

  • Fases simplificadas: a tramitação da NIP foi enxuta, com critérios mais objetivos para encaminhamento a processos administrativos.
  • Peso da percepção do usuário: reclamações têm mais chance de impactar indicadores setoriais.
  • Risco de efeitos automáticos: sem salvaguardas técnicas, relatos pontuais podem gerar consequências antes de uma avaliação aprofundada.

 

Benefícios na prática

Além dos benefícios regulatórios, há ganhos operacionais e financeiros. A gestão inteligente das NIPs contribui para:

  • Detecção precoce de problemas operacionais que, se ignorados, evoluem para risco maior.
  • Maior transparência do desempenho das operadoras perante consumidores e mercado.
  • Oportunidade de resolver conflitos em âmbito administrativo, reduzindo judicializações.

 

Principais desafios para as operadoras

A adaptação ao novo papel da NIP traz desafios que vão além da simples resposta operacional. As operadoras enfrentam questões estruturais e estratégicas que, se não forem tratadas com agilidade, podem comprometer sua reputação e até gerar sanções regulatórias.

Entre elas, destacam-se:

  1. Qualidade e consistência dos registros: reclamações sem dados ou evidência dificultam a defesa e a correção.
  2. Interpretação equivocada dos indicadores: aumento de registros pode refletir maior uso do canal, não queda de qualidade.
  3. Proteção jurídica: decisões regulatórias baseadas apenas em percepção do usuário podem ser contestadas.

 

Checklist prático: o que fazer já (passos imediatos)

Diante do novo cenário, não basta reagir, é necessário antecipar. A preparação passa por revisão de processos, adoção de tecnologia e fortalecimento da governança da informação.

Abaixo, alguns passos práticos que podem ser implementados de forma ágil para garantir conformidade, eficiência e inteligência na gestão das NIPs:

  • Revisar e padronizar rotinas de atendimento: scripts de registro que garantam dados minimamente necessários (datas, comprovantes, atendentes envolvidos, providências).
  • Registrar evidências: anexos, protocolos de autorizações, laudos e mensagens que comprovem a atuação.
  • Monitorar indicadores internos: crie painéis que mostrem resolutividade, tempo médio de resposta e reincidência por tipo de demanda.
  • Capacitar equipes: treinamentos focados em qualidade de registro e técnicas de mediação.
  • Implantar governança de dados: auditoria de registros e processos para garantir integridade das informações exportadas à ANS.
  • Comunicar proativamente: quando pertinente, notifique prestadores e beneficiários sobre medidas corretivas adotadas — isso melhora a resolutividade e a percepção.

 

O que se espera da ANS (e por que isso importa)

Para equilibrar a voz do beneficiário com segurança jurídica e técnica, são desejáveis:

  • Critérios de triagem mais robustos que reduzam a chance de efeitos automáticos;
  • Transparência metodológica sobre como os indicadores são construídos;
  • Mecanismos de revisão técnica antes de impactos regulatórios relevantes.

Esses aperfeiçoamentos aumentam previsibilidade e reduzem contestações, beneficiando todo o ecossistema.

 

Conclusão — equilíbrio é a chave

Dar voz ao beneficiário é um avanço. Mas para que esse avanço produza resultado real e sustentável, é necessário equilíbrio: dados melhores, critérios claros e governança interna sólida.

Operadoras que agirem agora, com rotinas robustas e foco em qualidade da informação, estarão menos expostas a riscos e mais preparadas para transformar reclamações em oportunidades de melhoria.

Quer entender como a sua operadora pode se adaptar rapidamente a esse novo cenário, com mais automação, inteligência e segurança regulatória?

Agende uma demonstração do Gestão NIP e veja na prática como transformar a NIP em um diferencial competitivo para sua operação.

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